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O Pingo da Mei Dia, um dos eventos mais esperados da programação do Mossoró Cidade Junina, foi realizado neste sábado passado  (07/06) com uma grade recheada de artistas populares como Felipe Amorim, Dan Ventura, Léo Santana, Banda Grafith e Xand Avião. Mas ao analisar a essência do evento, surge uma pergunta inevitável: onde estão o forró pé de serra, o xote, o baião e os mestres da cultura popular nordestina?

Inspirado por festas como o São João de Caruaru (PE) e Campina Grande (PB), que prezam por uma identidade cultural enraizada nas tradições do Nordeste, o Pingo da Mei Dia deveria ser um espaço de exaltação ao legado de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro e tantos outros que deram voz e ritmo ao povo sertanejo.

No entanto, o line-up deste ano parece ignorar essa vocação. Vamos analisar:

  • Felipe Amorim e Dan Ventura representam o pop eletrônico e o brega funk.

  • Léo Santana é sinônimo de axé e pagodão baiano.

  • Banda Grafith, apesar de ser uma referência regional, carrega um repertório mais voltado ao brega romântico e tecnomelody.

  • Xand Avião, que já foi símbolo do forró eletrônico, hoje se aproxima cada vez mais do pop e da música comercial de rádio.

É inegável que são artistas populares e com público fiel, mas nenhum deles carrega ou prioriza a bandeira do forró tradicional, nem do repertório junino autêntico. A presença desses nomes transforma o Pingo num evento de entretenimento genérico, esvaziado de identidade cultural.

Festa ou vitrine cultural?

A festa é grande, movimenta a economia local, atrai turistas e gera empregos. Mas um evento que se propõe a celebrar o São João precisa fazer mais do que vender cerveja e lotar trios elétricos. Ele precisa educar, preservar e valorizar a cultura nordestina — como acontece nas palhoças de Caruaru e nos arraiais de Campina Grande, onde trios de sanfona, zabumba e triângulo ainda têm vez e voz.

Se Mossoró quiser ser reconhecida como capital de um São João autêntico, é preciso repensar a curadoria artística do Pingo da Mei Dia. O Nordeste é plural, sim, mas no São João, o forró deve ser protagonista — não coadjuvante.  Alguém já viu uma bandas de forró tocando no carnaval do Rio de Janeiro ou no Rock in Rio ou nos festivais de rodeios no interior de São Paulo?  Então, por qual motivo trazemos ritmos que nada contribuem para com nossa cultura? Há mais os jovens gostam, respondem alguns.  Se vc der filé todo dia a uma pessoa, quando for dar carne de segunda ela nao aceitará.  Se dermos boa música nordestina aos jovens em nossos eventos,  eles rejeitaram esses enlatados que não contribuem com nossa cultura.

Enquanto isso não acontece, o que se vê é uma festa bonita, mas cada vez mais parecida com qualquer micareta fora de época. A identidade cultural que o sertão produziu com suor e sanfona segue à margem — no lugar onde deveria estar no centro.  Se continuar assim o Pingo não resistirá, pois micaretas carnavelescas tem muitas cidades afora, e como vimos este ano, já deu muito menos gente que o ano anterior, apesar da tentativa do poder publico municipal em inflar números.

É hora de repensarmos nosso PINGO DA  MEI DIA. Cuida que tá meidiinha.

Por Redação – Blog do Primo

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